Eu distingo na forma a oculta graça,
No lábio mudo, o frémito do Amor;
Para mim a crisálida esvoaça,
O gomo é árvore e o botão é flor.
Sei que há em tudo vida interior,
Que há fontes vivas numa rocha escassa,
Que a treva vai remir-se no esplendor,
E já o riso exulta na desgraça.
Assim, o meu olhar abre as sepultas
Conchas no fundo Mar, e eis que uma Aurora
Se vê luzir das pérolas ocultas;
Raiam, à minha voz, milhões de sóis
E ouvem-se em todo o Mundo e a toda a hora
Cantar, ébrios de Amor, os rouxinóis!
EM - POESIA - JAIME CORTESÃO - INCM
Sem comentários:
Enviar um comentário