segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Entro na câmara...* - ANTÓNIO RAMOS ROSA

Entro na câmara escura da oficina vegetal
onde fosforescem os olhos de uma terra vermelha
Com verdes materiais trabalho as sílabas negras
Toco as ancas múltiplas da rapariga marinha
É uma pedra solar sólida e delicada
Mergulho no sangue e no perfume dos navios
Há uma frase que ondula como a cabeleira do vento
e um frémito de fibras sob uma porta enterrada
E as palavras têm dentes que atravessam os ossos
ou traçam resvalando diminutos rios
Sobre a palma da mão cintila o pólen das lâmpadas

EM - DELTA/PELA PRIMEIRA VEZ - ANTÓNIO RAMOS ROSA - QUETZAL

Sem comentários:

Enviar um comentário