quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Delírio Amoroso - MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE


Meus olhos, atentai no meu jazigo,
Que o momento da morte está chegando;
Lá soa o corvo, intérprete do fado;
Bem o entendo, bem sei, fala comigo:

Triunfa, Amor, gloria-te, inimigo;
E tu, que vês com dor meu duro estado,
Volve à terra o cadáver macerado,
O despojo mortal do triste amigo:

Na campa, que o cobrir, piedoso Albano,
Ministra aos corações, que Amor flagela,
Terror, piedade, aviso, e desengano:

Abre em meu nome este epitáfio nela:
«Eu fui, ternos mortais, o terno Elmano;
Morri de ingratidões, matou-me Isbela.»

in... Antologia poética - Bocage - Verbo

1 comentário:

  1. Para mim é um dos sonetistas mais fecundos, coloco-o ao lado de Camões,mas este soneto tem uma mensagem que me toca em certa desilusão que transmite, porém fruto da vivencia de uma vida. Um poema que acompanhei ao ouvir um fado do Camané. Inspirou-me, mas estou serena.

    ResponderEliminar