domingo, 18 de julho de 2010
Soneto - PEDRO TAMEN
Não digo do Natal - digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquissíma e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas de pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.
in... Memória indescritível - PEDRO TAMEN - Gótica
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