quarta-feira, 14 de julho de 2010
55 * - ÁLVARO ALVES DE FARIA
Não há poema sem risco,
esse corte que se afunda, como um barco,
esse corte
esse corte
que escapa da faca e seduz a pele
como se a abrir a fenda da própria vida.
No risco do poema joga-se a sorte,
também a memória,
também a alma,
também o tempo de viver,
também a existência,
também o próprio poema e seu destino.
O poema se risca e se desfaz no seu rascunho,
seu invólucro de seda, pano no azul em sua linha,
agulha que se costuram no exercício de fazer-se
a cada dia
e a cada dia
refazer o tempo tecido na teia de um aceno.
in... Este gosto de sal - ÁLVARO ALVES DE FARIA - Temas Originais
Site da editora aqui
* Os poemas deste livro não são titulados
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