segunda-feira, 29 de março de 2010
Lágrima de preta - ANTÓNIO GEDEÃO
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas,
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
in... Obra completa - ANTÓNIO GEDEÃO - Relógio D'Água
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Lágrima de Preta.......Sensacional.
ResponderEliminarSem comentários....Mui lindooooooooooo
Beijos meus para ti.
Lágrimas apenas isso...
ResponderEliminarincolores, não importa a cor de quem as verteu...
Bjs dos Alpes, com votos de boa semana...
Revela este poema o carácter universalista do autor e a sua formação académica: são todas as lágrimas compostas de cloreto de sódio, sejam de um negro de um mestiço ou de um indo-europeu.
ResponderEliminarÉ um Poema que marca o genial...