segunda-feira, 24 de junho de 2024

A algazarra chegou - Elizabete Dente

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A algazarra chegou, 
Vestida de arco-íris, 
Com a banda a tocar, 
Meninos a dançar 
E o sol a brilhar. 

No fim do dia, vou-me deitar, 
Muito satisfeito 
E já no meu leito. 

Ponho-me a pensar 
Que, no dia seguinte, 
Volto a brincar.

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

domingo, 23 de junho de 2024

Pesam-me os ombros, cansados - Ana Acto

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Pesam-me os ombros, cansados
Acomodo-me resignada
“Tão jovem” dizem-me
Não sabem...
Que carrego o fardo de meus ancestrais
A maldição e perseguição da raça
A caça às bruxas

Olho o céu imenso à escuta
Me revela os astros, constelações e mundos
Ouço as marés sábias
Trazendo histórias de superação
De dor, de salvação, boas novas

Me embrenho na floresta antiga e me torno Deva
A mãe me chama a despertar
A voltar de novo a ela
Mas já me perdi neste mundo…

Pesam-me os ombros, cansados
“Tão jovem” dizem-me
Perdoo-lhes, não sabem... 

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

Estamos vivos - Tito Lívio Lisboa

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Estamos vivos, sabe-se, mas fora
Essa constatação material
Que se sabe de nós, senão que agora,
Lutamos a valer contra o final
Que o vulto das palavras, como a aurora,
Vagueia-nos ao instante posto tal
Seja-nos como a rosa que decora
O momento que passa em bruma e sal
Aspiramos à noite em esperanças
Que têm a embriaguez da novidade
Aspiramos à gloria, ao mar, verdade
Para alfim mergulhar em águas mansas
Especialistas em mortes que somos
Sem mistérios, Helena ou dúbios pomos

EM - 7 JANELAS PARA O TRANSITÓRIO - TITO LÍVIO LISBOA - IN-FINITA

sábado, 22 de junho de 2024

Antes que o dia termine - Renata Lima

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Antes de terminar o dia
Eu quero encontrar a mim
Nos devaneios de meus ideais
Eu busco uma paz
Mas, meus dias são meses
Sem hora de passar
Os minutos se arrastam a me atropelar
Na ansiedade de viver
Mais que sonhar

EM - QUE SEJA MAIS - RENATA LIMA - IN-FINITA

Sou - Ana Acto

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Sou a Curandeira
Julgada por bruxa queimada na fogueira 

Sou a vista como iletrada
Mas que usando pseudônimo
Publicava… 

Sou a mulher de opinião formada
Que sob risco de julgamento
Se calava 

Sou a mulher
Que às costas o filho carregava
Enquanto nos campos labutava

Sou a jovem promissora
Que abdicou dos sonhos para se tornar cuidadora

Sou tantas em mim e eu todas elas
E por elas hoje me assumo
Em essência e perseverança
Desconstruo crenças contradigo imposições

E assumo o meu lugar
Como MULHER

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Além de quase certeza - Elizabete Nascimento

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Eu amo o vento sem som, 
que sopra de não sei onde, 
Atira voz ao relento, 
ao dom, que digo: não tenho! 
Pergunto: que luz é essa... 
que abre-me fenda no peito? 
Por que essa fala-muda 
provoca-me arrepio e relento? 
Transpassa-me a faca felina 
Ferindo-me sem julgamento 
(não há aceite de defesa) 
Retira-me o coração do peito. 
Palavras silenciosas 
inflam nos sonhos-desejos, 
(movimento rotativo). 
Eu sei que, sendo do vento, 
chego a ele em pensamento. 

Além de quase certeza!

EM - GRANADA - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Sororidade - Marlene de Fáveri

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Durante muito tempo nosso desejo
foi ignorado / castrado / inferiorizado /
patologizado / aviltado / confinado /
negado /deserotizado / oprimido /
subjugado / afrontado / violado /
profanado / insultado /desrespeitado.
Eles diziam-se inteiros e, às mulheres,
diziam que elas eram metade.

Esse tempo obscuro acabou – somos
capazes de gerir nossas vontades,
a inteireza de nossos prazeres e, sem
meias medidas, gozar com voracidade,
de abrigar nossas delicadas fúrias
sem vergonhas e com dignidade,
de tomar o pulso de nossas irmãs e
escolher o amor com liberdade.

EM - ESSAS MULHERES - COLETÂNIA - IN-FINITA

Como um potro - Tito Lívio

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Como um potro “desbocado” levas-me nu pelos bosques; em teus 
flancos abandono o corpo inteiramente colado ao teu dorso, sentindo 
o cheiro que vem do chão, das árvores, de ti. Selvagem e 
livre escolhes os caminhos por onde corremos sós, bêbados de desejo, nus. 
Hoje é noite de lua cheia; estarei contigo até que, tímido, 
o primeiro raio de sol apareça no horizonte.

EM - VIAGENS PELO CORPO - TITO LÍVIO - IN-FINITA

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Eu hoje - Therezinha Lima

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Vivo por viver.
Pelo ar que respiro
Pelo sangue que corre
Por um coração que bate
Por um pensamento
Que viaja no tempo
E retorna para o hoje.
Hoje e sempre.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

Olhares - Maria Antonieta Oliveira

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Quando as palavras não chegam
E as letras se cruzam sem nexo
Quando os olhares se entrelaçam
E falam o que o coração sente
Nele, retidas, estão as palavras.

Olhares que se cruzam
Nas palavras por dizer
Nos sentires sentidos
Nesses olhares entrecruzados.

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Já não há mais flores - Fernando Silva

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Já não há mais flores na terra
Cansaram-se de viverem tristes
Até as flores da nossa serra
Murcharam, tu não as vistes

Já não há mais flores na terra
Secaram suas raízes
Tanta beleza se encerra
Já não são flores felizes

Ficaram sem o sol nascente
A água que lhe matava a sede
Murcharam para todo o sempre
Numa tristeza que se excede

Nem flores de verde pinho
Até a flor da carqueja
Não há pétalas no caminho
Secaram, não se deseja

Até a flor do alecrim
Murchou de enorme tristeza
Deixaram cheirar assim
Não tem aquela beleza

EM - SUBLIME OLHAR DE MÃE - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

Liberdade (excerto) - Celeste Gonçalinho Duarte

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Nos rumores da sombra,
Ceguei e escrevi de cor um nome.
Não me lembro se era sol, mãe, casa, solidão,
Caminho, colo, flor…
Pus-me a pensar nas relações com sentido,
Supervisionados pelos elementos da consciência,
Como pensarão, talvez, as formigas,
Quando carregam uma espiga em vez de um grão…
Dava-me que pensar admitir a vida subjugada
A um olhar de coruja velha
Sempre alerta à réstia de segundo
Em que pudesse estilhaçar o coração aos pássaros!...
Voltei à sombra, remexi na penumbra,
Não fosse, às vezes, ter-me escapado a essência da minha busca.
Na realidade, ficar-me-á na memória que:
A palavra era aromática como os grãos duma romã;
Era solta, como o são as pombas que se mostram nestas janelas;
Que se exprimem no meu rosto;
Tinha a fluidez de um mar selvagem,
Sendo ele próprio dono do seu destino;
Parecia emoldurada por uma cordilheira de cravos rubros,
Esvoaçando das mãos pequenas e límpidas de uma criança;
E era uma palavra azul rivalizando com a transcendência do céu.

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Gizei o meu dia - Elizabete Dente

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Gizei o meu dia, 
Com cores de infinito, 
Olhei para ele por ser tão bonito. 

Emoldurei-o, 
Pu-lo na parede, 
A um metro do chão, 
Para lhe fazer festas, com a minha mão.

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

terça-feira, 18 de junho de 2024

Dói-me o coração fora do peito - Ana Acto

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Dói-me o coração fora do peito
O excomunguei
Dorida de todos os momentos
Em que me ousou desafiar, fora da lei

Não foi preconceito nem medo de tentar
Mas talvez amar seja para os raros
Para os puros
Para os que não se deixam conspurcar
Com ideologias ou falsos testamentos
Para os crentes absolutos, os abnegados
Talvez amar lhes seja...

E neste ato de rebeldia
Me lancei aos leões em praça de coração cheio
E em certeza que sua pureza me salvaria

Mas de meu amor fizeram mártir
Levado pelos tempos como história
E agora, fora do peito, o trago
Pária de seu corpo apartado
Dorido da malograda salvação
Este pobre mas nobre coração

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

As doidas caravelas - Tito Lívio Lisboa

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As doidas caravelas seguem vindo
À sombra dos abismos, dos temores
Singrando pelos mares desavindos
Crispando pelas noites seus amores

Convolvem oceanos entreabrindo
Suas velas vermelhas como dores
São feitas de corais, de flor, infindos
Naufrágios que suspiram furta-cores

Atiçam-se de quando em quando à vista
De continentes cheios de acepipes
E não são de Colombos, Léos, Felipes

São de moças tão pulcras quanto arisca
É a lua se desfralda suas vestes;
Trazem enleio ou trazem novas pestes?

EM - 7 JANELAS PARA O TRANSITÓRIO - TITO LÍVIO LISBOA - IN-FINITA

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Deixa cicatrizar - Renata Lima

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Todos temos cicatrizes de lutas
No corpo e no coração
Feridas fechadas,
Marcas que nunca irão.
Mas, se prender na gaiola da lamentação
Não é saudável.
Não ajuda a gente, não.
Nosso pensamento é termômetro de emoção.
Onde a negatividade e a positividade se alojam
Nem sempre pedindo permissão.
Deseje, deseje apenas
Que você mesma
Tenha o controle de sua vida.

EM - QUE SEJA MAIS - RENATA LIMA - IN-FINITA

Os nossos antepassados - An Dré

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Os nossos antepassados
Viveram presos e oprimidos
Reclamavam com vozes cansadas
E não eram ouvidos
Mas quando foram motivados
Juntaram as forças armadas
E lutaram.
Lutaram cansados e desesperados
Não queriam mais o Governar
Do António Salazar. 
Lutaram, lutaram e venceram
E declararam a liberdade.

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Entrega - Elizabete Nascimento

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A lua entregue ao sol, 
em distância descomunal, 
traduz de graça 
outra graça 
amarela e brilhante. 
Céu azul com pintura de ouro e infinitos 
na imensidão intocável pelos pés, tocada pel'alma. 
Escrita de luzes que colorem n’água do mar, 
águas que inspiram, expiram e transpiram 
raios incandescentes de luz e magia. 
Continência à exuberância da onda 
que brinca e faz onda no universo 
que doura a areia do mar. 
Visão da extrema beleza no encontro 
do sol com o mar, 
que banha de amarelo a areia. 
Tradução de graça, 
em divina graça, 
na força cósmica e descomedida da lua 
que ao cair no mar transcende sua imensidão. 
Enquanto em mim, brilham as pérolas 
contidas na concha do abandono e da solidão.

EM - GRANADA - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA