domingo, 5 de setembro de 2021

Dor - CARLA DE SÀ MORAIS

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Nem sei o que sinto
e o porquê de tanta dor escondida
à espera do mágico absinto
para afogá-la vestida

Lançada ao mundo inóspito
tento ser a graça e o vigor
um esforço que repito, repito
e se perde com tanto fulgor

Ó alegria sombria, pede ao tempo
que me conceda mais tempo
e se a vida é um curto momento
sonho em agarrar o som do vento

Mas o tempo que corria
olhou para trás de soslaio
e respondeu com ironia
não sou o teu lacaio

Voltei ao meu leito, descoroçoada
firmo-me à esperança que molesta
de um dia renascer abençoada
por enquanto, sou metade do que me resta

Passeio a cólera e a culpa também
dissimulo as formas com largas vestes
armazeno as lágrimas do desdém
sou Mulher de tempos agrestes

E assim a vida continua, disfarçada
de sorrisos, de olhares e de gestos
daqueles que nunca dão nada
somente roubam nos seus incestos

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

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