LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Nem sei o que sinto
e o porquê de tanta dor escondida
à espera do mágico absinto
para afogá-la vestida
Lançada ao mundo inóspito
tento ser a graça e o vigor
um esforço que repito, repito
e se perde com tanto fulgor
Ó alegria sombria, pede ao tempo
que me conceda mais tempo
e se a vida é um curto momento
sonho em agarrar o som do vento
Mas o tempo que corria
olhou para trás de soslaio
e respondeu com ironia
não sou o teu lacaio
Voltei ao meu leito, descoroçoada
firmo-me à esperança que molesta
de um dia renascer abençoada
por enquanto, sou metade do que me resta
Passeio a cólera e a culpa também
dissimulo as formas com largas vestes
armazeno as lágrimas do desdém
sou Mulher de tempos agrestes
E assim a vida continua, disfarçada
de sorrisos, de olhares e de gestos
daqueles que nunca dão nada
somente roubam nos seus incestos
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário