LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Na roda que me tece o abismo, encontro a sorte
Torcida, portada na cornucópia nua.
Esta Fortuna cega, sem que o timão anua,
Aporta, vela-me num sudário de morte.
Mas tu, deitada na concha, esfera despida,
Deixaste-me preado, só, ao ermo leme,
Na folha de luz que me guia e nada teme,
No naco que inuma a minha vida perdida.
Não me importa Júpiter, teu pai. Imploro-te
A presença. Não anseio ódio ou perversão.
Angustia-me a tua ausência, neste mar
Desnudo, embebido na espuma. Quero-te
Nas faldas do meu acaso. Segura-me a mão,
Neste chão amarrotado, ímpio por te amar.
EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA
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