LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
O meu corpo repousa a par das pedras
Não se queixa, como todas as pedras que se calaram
tosos parecemos peixes respirando fora da água
Os cães pararam de ladrar para me ouvir gritar ou gemer
Mas nada escutaram
Quem sabe se este silêncio, o meu e o das pedras
unicamente se deve a falta de coragem para gritar
Quem sabe se o silêncio não se esgotará no olhar
das gaivotas
vigilantes, que por ali planam em círculo
parecendo ou fingindo ser alheias a tudo
Um dia, perguntaram-me se sabia cantar
Assobiei
Responderam-me com o silêncio
Concluí ter há muito perdido a voz
Ainda assim, decidi calar o silêncio
Mas continuei a repousar ao lado das pedras
respirando água
Com a mesma dificuldade dos peixes
quando respiram fora de água.
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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