LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
A mala grande e velha a amarrar
Bagageiro a pesar, com cordas a enlaçar
Ansiedade feliz do meu pai, para sua terra voltar
Ansiedade feliz da minha infância, prazer em recordar
Voltar a Campo Grande do RN, ao Sítio Cajueiro
Estrada longa e esburacada
Caatiga seca
A falta d’água
Pedras na terra
Frio na barriga
Frio na madrugada
Lá no sertão do meu painho
Cajueiro é imbuzeiro
Oratório é obrigatório
Lembranças da carroça velha e do jumento.
O retorno pra casa da mãe Maria, em seu peito a esperança
Lembranças da minha infância
Da alegria do meu painho
Pra matar a saudade
Daquele seu ranchinho
Brincadeiras com seus irmãos
Anedotas a contar no alpendre
D’àquela casa que a todos acolhia
Saudades daquela humilde gente
Menino na porteira
Matutando a espiar nos canteiros
Chinelo a chiar logo cedo
Noite no claro de candieiros
Alegria de quem chega
Pra logo partir ligeiro
Visita de casa em casa
Apadrinhando a criançada
Galinha e farora não faltava
Melancia pra matar a sede
de quem se acostumou com o clima da cidade
Mas que desse sertão seco, guardava tamanha saudade
E quando lá chovia,
Festas de São João, Santo Antônio ou São Pedro,
fartura tinha
Lembranças de uma boa herança
da cultura do seu pai Antônio,
do milho verde, do feijão e da bonança
E hoje Painho?
Memórias daquele tempo, daquelas viagens, do seu sorriso, que jaz se foi
Lembranças dos cáctos, xique-xique, mandacarú
Vento quente, pedras na terra, barragem que já sangrou
Este sertão, levo no coração,
da humildade e do valor que se tem para o sertanejo
a lenha no fogão
Da vovó guardo o cheiro do seu cachimbo a fumar,
e suas mãos a rezar e nos abençoar
Carrego nas lembranças o banho de cuia, a casa grande,
as redes a balançar
Foto da família Gadêlha na sala, conversas sem ter tempo pra se preocupar.
Viagem ao sertão do meu painho.
Saudades de lá.
Recordações na alma que não dá para apagar.
EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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