quarta-feira, 16 de março de 2022

Florminicídio - GENIVAL POETA

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Sei que foi assassinato
A morte das Onze Horas
A Orquídea já não flora
Morreu no anonimato
D’espancamentos, maus tratos
Já morreram as Bromélias
Sucumbiram as Camélias
Pelas mãos dos seus algozes
E assim calaram as vozes
De centenas de Laélias

Cansadas de tantas idas
Em busca de alguma ajuda
Deceparam duas mudas
De joviais Margaridas
Foi triste a despedida
Da bela trans Iasmim
Tantas flores no jardim
Seu petalar não fulgura
Pois moram na sepultura
Por causa de gente ruim

Sempre alvo de racismo
Belas Marias Pretinhas
Ainda quando mudinhas
Foram vítimas do machismo
As ofensas do fascismo
Torturam as Cantiléias
Causando mil cefaleias
A quem clama por justiça
E a tirania mortiça
Ceifaram as Azaleias

Os sopapos e açoites
Não tiveram solução
Quem sofreu a agressão
Foi uma dama da noite
Ainda há quem acoite
Esta tal impunidade
Pois esta banalidade
Favorece o agressor
Libertaram o autor
Do estupro contra jade

Violeta foi queimada
Ninguém prendeu o culpado
O seu corpo foi jogado
Às margens de uma estrada
Petúnia foi abusada
Por aquele seu parceiro
Que num ato sorrateiro
Difamou a Peperônia
Tripudiou da Peônia
Na frente dos companheiros

Dália foi pisoteada
No momento em que floriu
Ninguém sabe ninguém viu
Gardênia ser humilhada
Logo foi silenciada
Por um infeliz covarde
Que impôs sua vontade
Desrespeitando Acácia
Bastou a sua falácia
Pra ganhar a liberdade.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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