sábado, 5 de fevereiro de 2022

A bailarina - ANTÓNIO MOTA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

1.
Na Babilónia, a melhor de todas, era adivinhada, por
figuras gráceis, de leveza e luz, uma bailarina. Só de arte o
corpo, seda em movimento, de saber o espírito, fulgurante
e vivo. Emergira, um dia, dum tempo antigo, deitado
no leito da vida. E enquanto emergia dançava e escrevia,
esplêndidas, a força, a beleza e a sabedoria, que trazia
consigo. Era ela a sacerdotisa suprema das artes sagradas
da escrita e da dança nas águas do rio.
2.
Em todas as eras, hordas de bárbaros vieram arrasar
a cidade. Violaram tudo o que mais valia, excepto a
bailarina. Assim, a sua vitória não podia nunca ser
consumada e reconhecida. Ignaros, não entendiam os
bárbaros que um corpo, só de arte feito, e do espírito,
é inalcançável. Mas não desistem. Ainda a perseguem,
e aos filhos dela, porque ela ensina a força, a beleza e a
sabedoria, nas artes sagradas da escrita e da dança nas
águas do rio.
3.
Em vagas sequentes, vieram e vieram, uns e outros,
e insistiram. Por várias vezes, destruíram a cidade, e
pilharam tudo. Mas a bailarina nunca apanharam, que
ela é a arte personificada e o espírito. Doce e delicada,
mesmo perseguida, sedutora e culta, ela resiste, e não será
vencida. Muralha invicta, contra a barbárie, ela vencerá.
Indestrutível é a força, a beleza e a sabedoria gravadas nas
artes sagradas da escrita e da dança nas águas do rio.

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Sem comentários:

Enviar um comentário