LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Sou este coração cheio de lascas,
um peito que encrespa sob uns pés tortos,
navio sem mar, à deriva, sem porto,
um cão bravio preso na mordaça.
Minha alma afunda como uma carcaça
por vezes boia como um peixe morto,
é fino fio que emenda um pano roto,
das bestas famintas, ela é a caça.
No bico trago a lua dos desertos
e pairo no céu qual pássaro tonto,
desenhando o sol, remendando cortes.
Mas hoje não existe o salto certo.
Só pousar em covas que nem mais conto:
voo raso e vazio rumo à morte.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário