sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Dos esforços para perder a esperança - RITA BRÍGIDO

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Penetro a palavra,
na ânsia de que a dor não fique muda.
Minha palavra nada muda!
Mas continuo tropeçando dentro dela;
e ela, buscando-me dentro de mim.

Quando tresloucada
pelo desespero de desesperar
minha própria esperança,
flagro-me em desvarios
de extirpar a palavra de minhas entranhas
sem (com) dó e piedade!
O homicídio da palavra? Meu suicídio!!!
Apenas expulso-a, enfim! Aparto-me de mim!!!

A palavra vagueia por entre a densa
fumaça da rua deserta de risos.
Larga-se em um dos bancos da praça.
Enodoa-se dos bagaços das frutas despencadas
das árvores, na noite insone do ocaso dos almejos.
Pela manhã, passos lentos...vestes encardidas.
Mas teima-lhe o ser em, ainda, ser!
E, de tão inútil, a despeito dos meus esforços, retorna...
com o corpo coberto de sementes...da esperança que perdi.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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