LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link
– Cala-te! – dizem aqueles
Que nunca se calam
E vomitam sentenças
– Cala-te! – diz o silêncio
Espesso como um dia cinzento
A voz do teu pensamento
– Cala-te! – dizem os prédios
Os tubos de escape
As pedras da calçada
Os manequins nas montras
Das lojas
As parangonas dos jornais
A comida engolida à pressa
A gratidão do estômago
E o amor desfeito entre os lençóis
– Cala-te! – diz o Presidente à Constituição da República
Aos jornalistas
Aos mortos cravados das balas
Legalizadas com a bênção de Deus
Às mulheres mortas
Os corpos cravados das chagas
De um aborto clandestino
Tudo com a bênção dos Céus
– Cala-te! – diz a voz de Deus ao teu ouvido
Durante as orações e as preces
E as súplicas
Diz o teu cérebro
O coração
Os braços
O útero
O corpo todo
A voz da tua consciência
Muito baixinho:
– Guarda as tuas forças
Para quando tiveres de gritar
E grita
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - ANTOLOGIA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário