segunda-feira, 9 de abril de 2018

Amiga Urlima - M. P. BONDE

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELO AUTOR
Saibam do autor neste link

À
Urlima de Andrade

Amiga Urlima, os ventos nesta urbe jantam os restos dos nossos atormentados desejos, com a mesma audácia desabrida dos carrinhos de mão rolando nas mãos dos meninos dos subúrbios da nossa cidade em queixume. Querias ter no brando olhar, a nostalgia dos tempos da bola, das bonecas cansadas da espera nas vitrinas da rua que não acaba nunca. O sonho não é para quem anseia saciar a fome mortal, mas para domar o tédio das noites mal dormidas, os beijos perdidos na orla da criação.

Há um céu que chora o segredo dos vocábulos nocturnos da baixa, há uma hora que sente na epiderme a falta de angústia nos trilhos do café, há na solidão das ruas estreitas a confidência dos poemas verticais da Noémia, e um imaginário banco de jardim vestido de negro com a Florbela Espanca. As cores fogem do que não se pode afastar, do que é impossível diagnosticar, do que… como nas manhãs frias de Junho tiram a alegria estampada nos olhares satíricos da falta de pão.

EM - ENSAIOS POÉTICOS - M. P. BONDE - CAVALO DO MAR

1 comentário: