quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Magreza das palavras - JOSÉ LUIZ MELO

Cravaram-te na carne pontiagudo
aço-salgado que não tinha fim,
e tua alma enforcaram num segundo,
tuas noites jogaram num jardim.

E não deram escolha, nem teu sim,
nada se ouviu: - ignoraram tudo!
Teu suor,teus rumores,tudo enfim,
E te escavaram como um poço agudo.

Depois, te revestiram duma teia
delicada de rendas e de veias,
azulando teu rosto e o que lavravas.

De ti, deixaram só, uma dor sedenta,
Um gesto de gemido que alimenta,
Lembranças, e a magreza das palavras.

EM - LIVRO DOS SONETOS, DOS PRIMEIROS AOS PENÚLTIMOS - JOSÉ LUIZ MELO - NOVO ESTILO EDIÇÕES DE AUTOR

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