LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Como gosto de abrir a minha janela ao amanhecer
Escancarar a porta e deixar sair de casa os animais,
Cumprimentar quem passa mesmo sem conhecer
E deliciar-me a ouvir a alegre sinfonia dos pardais.
É um hábito enraizado na alma como o doce ritual
De uma oração obrigatória, primeiro acto matinal.
Os anos e os dias foram passando desde a meninice
Sofrendo os meus amanheceres algumas alterações
Mas agora vivendo os gratos anos da minha velhice
Vão-se repetindo dia após dia as mesmas emoções.
Mas. apesar de tudo, não sinto o sabor a monotonia
O dia não consegue ser exatamente igual a outro dia.
É quando o sol se levanta e sem serem anunciadas
Que recordações de amanheceres vêm do passado
Lembrar como eram mágicas as horas encantadas
E do prazer que era passá-las junto ao meu amado.
O tempo vai tapando com um véu essa lembrança
Fiz do meu amanhecer um momento de esperança.
Fico a pensar no mundo em constante conturbação
Na vida daqueles que não tendo tal sorte como eu
São mártires da guerra, de perseguições, corrupção
De um inferno hediondo que sobre eles se abateu.
Agora, eu espero em cada dia um novo amanhecer
Pedindo a paz no concerto dos pardais ao alvorecer.
EM - AMANTES DA POESIA E DAS ARTES - COLETÂNEA - IN-FINITA
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