LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Aguardo no terraço do velho eremita
A agenda entreaberta sobre a mesa
Algo dentro de cada segundo crepita!
Será talvez o silêncio de não sentir a certeza?
Rasgo o papel da vida em mil minutos
Lambo cada ferida com esperança
Em cada passada restam atributos
Das tranças louras de uma criança.
A breve estória segue seu rumo
Num perfume de rostos em suor
Fio da navalha, fio de prumo
Dó, ré, mi, fá, sou ré menor!
Soa a música descompassada
A letra essa não fecundou
Há quem a diga ultrapassada
Toda a canção se desencantou.
Risos sem tempo se multiplicam
A matemática em equação
Gestos e memórias se simplificam
Voa a gramática de mão em mão.
Árvores oscilam ao som do velho
Todas as folhas se fazem vida
Passos errantes seguem o conselho
E em cada narina geme uma ferida.
Os animais fiéis escudeiros
As serenatas grilos e corujas
Lobos ao longe são companheiros
E os humanos não passam de intrujas.
Abrem-se as portas de todos os atalhos
Cada ranger é de arrepiar, é de arrepiar
Somos todos feitos de vida em retalhos
De um velho eremita verbo de amar!
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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