quinta-feira, 5 de maio de 2022

Céu limpo - PETRUCIA CAMELO

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Lá em cima, as nuvens branquinhas como algodão
se estendem longe espraiando-se, mostrando-se
como se fosse um lençol azul, pintado da cor do céu,
forrado sobre a cama, onde deito num fofo colchão.
Não, nem sinal de chuva, não, não vem não, não vem!
Nem para molhar os cabelos secos sob o pino do sol, 
somente o pano sobre a cabeça molha, mas é de suor.

Lá vão os gentios em fila indiana, sobre as cabeças a lata,
o pote, vão longe no açude buscar água da cor do lodo,
da lama, e a volta, então, descem encostas, sobem encostas
há de chegarem em casa, nem que seja com a metade da 
lata d’água na cabeça e botar pra ferver e fazer a refeição.
E o gado, o que dizer então, olhar as costelas sob o couro
e vê-lo enterrar as pontas no chão duro de barro e morrer.

Chega a noite o pão de milho sobre a mesa faz a refeição
quando tem bode comes, quando tem leite a nata molha.
E as histórias contadas sentados no oitão, em meio
a fumaça, do cachimbo, do cigarro, do fogo aceso no terreiro.
E na manhã seguinte o sol a pino, tudo recomeça, seco, 
verde, florido, se trabalhar e Deus ajudar, vive-se no torrão

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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