domingo, 6 de março de 2022

Quinhentos mil barcos sulcam (poema inacabado) – TECA MASCARENHAS

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QUINHENTOS MIL BARCOS SULCAM
o mar dos meus olhos já corroídos de tanto sal
velas brancas como mortalhas embalam
as quinhentas mil almas que vogam à deriva
e quinhentas mil lanternas ardentes
sinalizam os desenlaces
nos suplícios das solitárias separações
sem despedidas
 
quinhentas mil velas reluzentes como fogo fátuo
se incrustam feito cravos em minhas retinas
indeléveis marcas de inimagináveis e devastadores
tempos de guerra
que vitima desarmados soldados-heróis
e deixa quinhentos mil nomes amados
escritos a fogo nos desolados corações remanescentes
 
– que se colham dos bosques das campinas
das montanhas das colinas
quinhentas mil flores das mais belas
quinhentas mil camélias e quinhentas mil papoulas
quinhentos mil lírios e quinhentas mil calêndulas
quinhentos mil miosótis e quinhentas mil açucenas
quinhentas mil rosas e quinhentas mil violetas
quinhentos mil jasmins e quinhentas mil verbenas
quinhentas mil flores das mais belas
 
– que se clamem aos quatro ventos que dispersem
sobre os quinhentos mil barcos
esse véu de lágrimas perfumadas
e envolvam em diáfano bálsamo
as quinhentas mil almas dizimadas
e cada um dos seus quinhentos nomes
reverenciando a memória das intempestivas mortes
 
para que enfim sigam seu destino
até o mar do infinito sideral
onde à espera jazem ancoradas
outras centenas de milhares de estrelas...

EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA

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