sábado, 5 de fevereiro de 2022

Descrição de um dia de chuva - ANDRÉ SANTOS SILVA

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Quando começa a chover:
alegria, comemoração, satisfação,
café com leite,
pão com manteiga
e, se tiver, requeijão.
Êta, friozinho bão!

Quando continua a chover:
blusa de frio, cobertor quentinho,
um bom programa de televisão.
O filho e o cachorro
entram em casa com os pés sujos
e começa a inquietação...
A mãe desliga a televisão,
fala uns três palavrão,
levanta do sofá
e pega o pano de chão;
olha pros dois, atravessado,
e começa a limpar o chão.
Depois, guarda o balde, o rodo, o pano,
e, de novo, liga a televisão,
deita no sofá e solta uns ronco
igual a barulho de caminhão.

O filho quer sumir dali,
mas tem medo da situação,
tenta sair à francesa,
pra não levar um safanão.
O cachorro ainda late
e piora a situação.
A mãe, ao acordar,
jura de pé firme: “Eu num tava dormindo não!
Onde você pensa que vai, nesse baita chuvão?”
E o filho se contenta
com a tal programação.
SENTA NO SOFÁ
com uma raiva que não passa não.
E escuta a mãe roncar,
mas tem que jurar que tudo aquilo é ilusão.

Quando a chuva demora mais dias:
chuva é muito bom,
mas tá na hora de parar;
já tenho muitas roupas sujas
e poucas pra usar.
Se chover por mais uns dias
não vou aguentar.
A casa está imunda e limpa não vai ficar.
Pra falar a verdade, eu não vejo a hora
do sol voltar a brilhar.

De repente, o sol aparece,
a vida segue.
Quando começa a fazer sol...

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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