LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Vejo as muralhas e louvo as mulheres
Itas aqui do Sul:
Talita, Lolita, Zenita, Eulita.
Gomos chupados da laranja,
remendo liso no xadrez das bombachas.
Dedos de juntas grossas, do polvilho tirado no inverno.
Lãs cardadas, pontos dados no acolchoado macio...
(Como as roupas, secam presas ao varal!)
Talita lavou a tabatinga do rosto do marido bêbado,
caído da pinguela, no lajeado.
Lolita olhou para o céu e desmaiou,
quando o jato fretado socorria o filho que pedia:
“Não me deixem morrer!”
Mas era tarde...
Zenita acordou no meio da noite,
tirou a vaca do jardim, fechou a porteira
e deitou para dormir, ajeitando mãos pra reza
e o corpo todo para morrer.
Eulita viajou para o Rio
(passagem que o filho mandou).
O marido enciumado a enciumou.
Dobrada pela culpa, Eulita (em grego, “boa pedra”)
mirou-se em imagens de Athenas
Pequenas.
Chaveou mala vazia.
Caiu no limo pegajoso da rotina.
(Brotam musgos nas muralhas como o medo nas mulheres.)
Eta, Itas de Sul a Norte!
Malabaristas das pinguelas e dos varais.
Jatos fretados há muito cancelaram seus voos:
sonham com as antenas parabólicas.
Insistem em trocar mudas de flor,
pontos de crochê, receitas de broa...
Abrem e fecham seus regaços:
são porteiras.
Presas-soltas,
Amarram e seguram as pontas
dos muros e grandes aramados daqui.
Louvadas sejam: Fin-Itas.
EM - MULHERIO DAS LETRAS NA LUA - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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