LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto conexões neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link
De que me adianta a poesia,
a casa cheia de lembranças,
a vida no centro - em ordem - na desordem
entre pensamentos adjacentes,
a panela esquentando a comida,
o domingo com vistas para a alegria,
a calçada larga pra tantos passos,
um sorvete de creme escorrendo entre os dentes?
De que me adianta a roupa lavada
entre chuvas largas em revoada,
e um colibri fazendo ninho em frente à casa,
se nada posso dizer ou fazer que me salve
de não ver ou sentir ou sofrer
a dor lancinante - dilacerante - horripilante -
desses absurdos artifícios
nessa guerra sem sentido
- tão vazia e sem medida
– que vai e vem e nunca acaba?
De que me adianta a palavra
se não cicatriza nenhuma ferida,
nem ressuscita mortos entre rasuras, escombros
e restos?
De que me adianta eu tão pouca,
sofrendo de utopias
nesse verbo ser tão imperfeito,
nessa vida assim tão louca,
tentando esquecer o lamentável,
o insustentável presente do indicativo,
quando é urgente e imperativo
o cessar das armas?
De que me adianta a palavra
calculando distâncias imprevisíveis, impassíveis e
impossíveis
entre um simples fim de domingo
e milhares de crianças feridas e mortas,
vidas tortas, tão remotas
- quando o dia nem importa – logo ali?
De que me adianta ser alma,
se nada me salva
desses nossos (des)humanos gestos?
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS II - ANTOLOGIA - IN-FINITA
Um clima desolador ,por parte da poeta perante a existência de guerras actuais e dos seus efeitos. Parece um texto jornalístico com emoções da própria autora Muito bonito.
ResponderEliminar