Meias-solas - José Saramago

Bem sei que as meias-solas que deitei

Nas botas aprazadas não resistem

À calçada do tempo que discorro.

Talvez parado as botas me durassem

Mas quieto quem pode, mesmo vendo

Que é desta caminhada que me morro.

EM - POESIA COMPLETA - JOSÉ SARAMAGO - ASSÍRIO & ALVIM

O importante é (a)mar - Carla De Sà Morais

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A falta de amor 

É como um mar, 

Que remexe as areias, leva-nos ao fundo 

E deixa-nos afundar. 

Desesperadamente nadamos em direção à terra. 

Somos impedidos, antes de lá chegar. 

Sem vida, somos devolvidos, 

Devolvidos ao mar.

EM - MONÓLOGOS EM DÓ MAIOR - CARLA DE SÀ MORAIS - IN-FINITA

Poeta - Desafinador de palavras

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Só cada poeta sabe

Quando acaba o poeta e começa a pessoa

O poeta mente, dizendo a verdade

Diz a verdade, mentindo

Por trás das palavras

O poeta esconde-se das pessoas

Por trás das pessoas

O poeta esconde-se das palavras

Escrevendo realidades

Muitas das vezes mal interpretadas

Não vou mentir, eu escrevo sempre sobre mim

Umas vezes, verdades…

Outras vezes, sonhos…

Que gostava que fossem realidades

O poeta é um ator, que veste um personagem

Umas vezes real

Outras vezes…

Pessoa…

EM - PAIXÃO - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

23 - Elizabete Dente

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São papoilas os teus lábios meu amor 

Encarnadas sob o olhar verdejante 

O azul do teu sangue vem do mar 

Como a brisa da maré inquietante 

Nos teus braços há sonhos e memórias 

Que despontam de suspiros enredados 

Como beijos ao relento pela calada 

De amantes fugitivos deleitados 

Os cabelos cor de ouro que te enfeitam 

Te engraçam te envolvem te adornam 

São de seda meu amor esses teus fios 

Como gotas de orvalho que se formam 

Vejo em ti o sol-posto e a madrugada 

Velas ao vento emproadas 

No teu rosto a inocência de criança 

Nas mãos resquícios da jornada

EM - 60 ANOS, 60 POEMAS - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

Subverta o jogo - Elizabete Nascimento

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Eu acordo todo dia, mesmo triste e acabada,

como o sol esplendoroso de verão.

Disposta a iluminar vidas e pensar em igualdade,

antes que a minha intensa tempestade se acabe,

e fique as folhas de outono espalhadas pelo chão.

O Sol que nasce em mim, brilha em demasia.

Rogo a Deus esse poder recheado de magia.

De acordar e ver a mutação divina a agir,

A fazer brotar em mim essa luz de outro dia.

Esse verão interno, sempiterno, escancara

as portas desse sol que não é efêmero, e segue,

sorrateiro e feliz, a enfrentar as aporias.

É ele quem escreve esse diário inacabado,

e rabisca, nessa cachoeira intensa e ininterrupta,

a própria vida que ofusca o olhar adversário.

EM - IMPÉRIO - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

O cabo do medo - Frassino Machado

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O difícil para os lusos,

na saga do seu degredo,

sempre foram seus abusos

ao passar o “cabo do medo”...

De Lançarote à Taprobana

mais que Gil ninguém ousou:

quinze vezes lançou cana

outras quinze bem velou.

Aos tugas desnaturados

ninguém pode exigir mais

há presentes envenenados

no sopé dos pedestais.

Nesta frágil geração

nunca pôde haver feitiços

restar-nos-á a emoção

de lembrarmos ‘Os Magriços’!

Mais ironias? Ó sandeu!

Novamente o fiel Yanque

a boia nos ofereceu

mas o corpo está estanque...

Não fiquemos a chorar

nossas falhas que tivemos

continuemos a semear

as sementes que tivermos!

EM - ODIRONIAS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

Perséfone - Adélio Amaro

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Não consigo silenciar as tuas lágrimas

que o vento semeou no jardim da aparência

perante a raiz da minha plangente inocência.

Hades no mundo pequeno, que mui estimas,

É abraçado pelo teu corpo trigueiro,

Caiado pelas noites de abandono, amado…

Ainda sou o teu abrigo embaído, derrubado

por um facho de fumo escravo, fagueiro…

Foi no teu trono frio, aroma de romã,

que imergiu o adorno das flores tocadas

por acúleos de silêncio. Meu coração

Quer acordar no teu mel a cada manhã,

Quer o cheio a terra das colheitas molhadas,

Quer orvalhar teus olhos verdes de traição…

EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA 

Felicidade (excerto 2) - Davi Santos

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Foi bom te achar minha cara-metade.

Digo com veracidade.

Não diria se não fosse verdade.

Essa é a minha parte que sempre verás honestidade.

Quando é a felicidade a nos guiar,

fazemos promessas para nada nos afastar.

Pois são como as pessoas que nos fazem bem.

Próximas a elas é onde queremos estar.

Tem dias que o ponteiro do relógio acelerava,

ao olhar para ele, vi que o tempo já não restava.

Estava em sintonia contigo, mesmo quando a hora passava.

Por mais tarde que durava.

Só a falar contigo nada me importava.

Pude perceber que você também gostava.

Era felicidade mesmo, ninguém reclamava.

Eu conjugaria o verbo mal se não dissesse que te amava.

Parecia que estávamos no paraíso.

Não é uma simples felicidade,

Vão dizer que quando se ama

pela primeira vez, é isso.

A felicidade de um completa a do outro,

a minha missão, é apreciar seu sorriso.

Nada de ruim me deixava triste, chateado e nem abatido.

Começou acontecer na minha vida, o que nunca havia

acontecido.

EM - MISTÉRIO AMOROSO - DAVI SANTOS - IN-FINITA

Doce lembrança - António Soares Ferreira

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Lembrei-me de ti

Dos teus lábios, dos teus dedos

Lembrei-me de ti

E até dos teus medos

Medos que disfarçavas

Querendo mostrar que eras forte

Lembrei-me das promessas

De ficarmos juntos até à morte

Mas os caminhos se desviaram

Seguiram novo rumo

Todos os caminhos se acabaram

E se desvaneceram no ar como fumo

Mas apesar de muitos contratempos

Ainda o meu sentir de criança

Relembra todas as horas e momentos

Onde ficou uma doce lembrança.

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Passada apertada - Celso Cordeiro

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O corpo já pesa,

pelo peso dos anos

e toda a vida vivida

sem parar a passada.

Os pés quase arrastam,

e a passada apertada

faz-se agora apoiada

em preciosa bengala,

a passos pausados,

e arrastando o passo

em curtas passadas

cansadas de andar.

Mas a vida continua,

mesmo mais demorada

esta subida da calçada

ainda é para continuar.

Já nada se faz a correr,

mas ainda há vida a viver.

EM - NO CAMINHO DO VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

A minha caneta e a Poesia - Ivo Álvares Furtado

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Instrumento indispensável,

à transcrição do discurso;

à expressão do sentimento,

na forma escrita.

Escorre a tinta e toma forma,

encorpando, no decorrer,

o seu conteúdo.

Surge deste modo,

o discurso.

Com o somatório de sílabas,

metrificadas e ritmadas,

dispostas em quatro linhas,

forma-se uma quadra;

e outra… e outra…

e assim se faz,

um tipo de Poesia!

EM - A SEMENTE VERDE DA ESPERANÇA - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA

Náufraga - Alexandra Ferreira

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Por mares nunca dantes navegados,

Procurei-te na espuma dos Fados.

Na vastidão do deserto oceano,

Desfolhei a rosa dos ventos.

Por mares nunca dantes navegados,

Sopraram os ventos, rugiram os céus,

Bramiram as ondas, ergueu-se o mar

E o mostrengo voou a chiar.

Por mares nunca dantes navegados,

Naufraguei na ilha encantada,

Meu coração em ti ancorado,

Num abraço de sal e saudade.

Por mares nunca dantes navegados,

Outro valor mais alto se alevanta,

Estrela-guia no céu cintilante,

O norte do amor indicando.

Por mares nunca dantes navegados,

Tu, Capitão valeroso, o leme tomaste

E a porto seguro de verdade aportaste

Logrando o descanso da longa via.

EM - COUSA AMADA 2 - COLETÂNEA - IN-FINITA

Ser poeta - Fernando Vasconcelos

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Ser poeta é exteriorizar

Palavras e sentimentos

Florindo-os continuamente...

É bálsamo e tranquilizante

Que cura e limpa as mágoas

Adentradas sobre as almas

De todos os corações carentes...

EM - VERSOS E DESABAFOS - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

Num quadro escreveste: o poder das escolhas - Carla De Sà Morais

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Foi dentro dos teus olhos que me amei, 

Me encontrei e me escolhi; 

Aceitei as minhas fraquezas e os meus defeitos. 

As escolhas dão-nos poder: 

Fizeste-me acreditar nos sonhos, 

Nas estrelas que brilham no meu olhar, 

No arco-íris que se mostra depois da chuva, 

No Sol que, mesmo sem o vermos, brilha 

Que valor imenso, infinito tem a tua presença! 

Que valor imenso, infinito tem o teu amor por mim! 

Mesmo quando eu não me deixo amar.

EM - MONÓLOGOS EM DÓ MAIOR - CARLA DE SÀ MORAIS - IN-FINITA

Musa - Desafinador de palavras

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És bela… amada

És desejo

És música… és canção

És dança

És poema… poesia

És tragédia… és comédia

És vulcão

És eloquência

És história… astronomia

És feminina

És inspiração

És Musa

A Musa que me acolhe no seu leito

O ser que toma conta

Do meu inquieto coração

EM - PAIXÃO - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

22 - Elizabete Dente

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Sou noite escura e sol incandescente 

Sou alvura poema e sou canção 

Sou fim de tarde 

Amor 

Sou solidão 

Eu sou talvez maresia e descoberta 

Sou tom de rosa e vermelho vivo 

Sou jasmim perfumado lençol branco 

Canção de embalar 

Sou mero pranto 

Eu sou a primavera a despontar 

Janela aberta pauta sonante 

Gota de orvalho pedra reluzente 

Sou talvez aurora 

Sou poente 

Eu sou alguém que chora e que canta 

Que dança sem culpas no correr dos dias 

Sou cama desfeita sou tormento 

Sou felicidade audácia 

Sou momento 

Eu sou aroma sou céu e sou inverno 

Sou despertar colcha florida 

Sou sonho sou descanso e sou canseira 

Perfeita e imperfeita 

Sou poeira

EM - 60 ANOS, 60 POEMAS - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

Repagine-se! - Elizabete Nascimento

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Há dias que quem comanda

é a angústia sem fim,

que surge...

não sei de onde,

E queima dentro de mim.

A água que cai em gotas

faz ela brotar em mim,

angústia que me consome

e quer antecipar meu fim.

Ouço o ranger dos dentes,

da dor a me consumir,

parece que vou sumindo,

sem nunca,

ter estado aqui.

Não são esses versos bonitos,

somente angústias sem fim.

EM - IMPÉRIO - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

Requiem das provas globais - Frassino Machado

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Famigerado Cronos que engoliste

as folhas de papel impacientes

relembra o sacrifício dos docentes

vigiando alunos sábios que pariste...

As salas povoadas de clientes

e as canetas riscando o que persiste

mostram qu’ há alguém q’ inda resiste

contudo sem vontades evidentes.

Um silêncio amorfo se estendeu,

pelas salas o Requiem s’ entoou,

e das folhas o bruir s’ esvaneceu...

Até a natureza se apagou,

o sol por entre nuvens s’ estendeu

e o rouxinol que canta se calou!

EM - ODIRONIAS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

Morana - Adélio Amaro

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O inverno que mais me arrefece o coração

É sentir-te sentada no meu peito frígido.

Cabelo de cristal sujo, toque afligido…

Porção de carícia fresca a estender-me a mão…

Pela manhã, abraços gélidos, malignos,

Cegam-me os atalhos gelados do teu olhar,

Foiçam-me os recantos do corpo, por amar,

Farrapam-me a mortalha em teares indignos.

Pesadelo… leva-me a velhice ao céu,

Esconde, longe, a morte no choro do vento

Retorcido, decapitado de saudade.

Não me farpes o corpo, deita-me o teu véu,

Faz de mim noite soalheira, novo alento.

Faz de mim criança, apaga-me a luz da idade...

EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA 

Felicidade (excerto 1) - Davi Santos

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Vivendo na paz e sempre felizes, assim estamos.

De hora em hora nos comunicamos.

A felicidade era tanta que admirávamos.

Tudo que fazíamos alegrávamos.

Fazíamos de todos os modos para sermos felizes.

Respeitando nossas essências e raízes.

Vivendo em tamanha felicidade um pedido de casamento

não teria o que dizes?!

Vamos mudar o nível e elevar a nossa felicidade?!

Não havia o impossível.

Tudo era possível.

Nunca existiu nada horrível.

Cada dia passou a ser mais incrível.

Para nós só existia felicidade e amor.

Não havia existência de sofrimento ou dor.

Não tinha nenhuma reclamação.

Apenas carinho, união e paixão.

Construímos nossa própria felicidade.

Era tão divino, que nem parecia realidade.

Nada de tristeza, pura raridade.

Estávamos completos, isso era verdade.

Acho que quando se apaixona,

muitas coisas se tornam inexplicáveis.

Nem se quer percebemos como tudo em volta

tornam-se agradáveis.

Tão puro e apreciáveis.

EM - MISTÉRIO AMOROSO - DAVI SANTOS - IN-FINITA

Olhos - António Soares Ferreira

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Olhos que veem

Olhos que se fecham

Quando não gostam

Das armas que desabrocham.

No lugar das flores

Numa Primavera obscura

Onde tudo à nossa frente

É uma “fotografia escura”.

Fotografia escura

Num mundo mais cinzento

Onde cada vez mais a loucura

Precisa de unguento.

Pomada cada vez mais precisa

Para curar tantas as loucuras

De um mundo às avessas

Que se acabem as “fotografias escuras”.

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Silêncio - Celso Cordeiro

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O Silêncio é verdade por descobrir,

tal a sua capacidade de encobrir

o mais profundo sentir

de quem cala a palavra.

Silêncio pode ser paz interior

que se quer seja intocável,

mas também enorme angústia

que se teima em calar,

pode ser lágrima contida

que corre para o coração.

Tanto que pode ser o silêncio

em tão diversos sentires,

e tanta palavra desfiada

sem o conseguir definir…

pode até ser o embuste

em que arriscamos cair.

Conseguiremos nós aprender

a escutar o Silêncio?

EM - NO CAMINHO DO VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Requisitos para a escrita de poesia - Ivo Álvares Furtado

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Para fazer poesia, de qualidade,

são necessários alguns requisitos,

considerados essenciais,

a não esquecer e a desenvolver;

a fazer prevalecer:

a sensibilidade,

a disponibilidade,

e a indispensável, vontade,

e ainda, a destreza e habilidade,

para fazer poesia.

Todos eles são necessários,

para que, da fonte inesgotável da mente,

brote poesia alargada e abrangente,

escrita com cunho pessoal e fluente.

Manter o equilíbrio astuto,

entre os diversos requisitos,

revela a aptidão do poeta,

no seu caminhar de atleta,

para a traçada e desejada,

meta!

EM - A SEMENTE VERDE DA ESPERANÇA - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA

Algo poético - Antônio Carlos Menezes

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Navegando feliz por mares tranquilos

De Recife a Portugal, assim, lá vou eu!...

Levando os meus versos tão coloridos...

Escuto alguém, declamando Camões,

Um soneto noturno cheio de amor,

Um fado carinhoso na voz da Rainha.

A vida é um sonho numa noite de lua,

Ditosos de mãos dadas, eu e a amada,

Sorrindo para o sol, chegando em Lisboa!

EM - COUSA AMADA 2 - COELTÂNEA - IN-FINITA

Naquela encosta atípica - Fernando Vasconcelos

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Naquela encosta atípica

Distingue-se uma eclesiástica

E ornamentada capela

Banhada por ondulações marítimas...

Rezam-se preces, às imaculadas escarpas

Mártires de súbitas vagas

Impetuosamente intempestivas

Suplicando-lhes pela vida...

EM - VERSOS E DESABAFOS - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA