Jardins - Antónia Balsinha

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Jardins nascem e renascem

Longe ou perto do rio

Imensas crianças brincam

Espantando o seu frio

Nos jardins abençoados

Sol escondido surg´então

Aquecendo as crianças

Afastando a solidão

Crianças na brincadeira

Correm e brincam no jardim

Com muitos pulos e saltos

Gente miúda é assim

Com um olhar dentre de si

Nunca querem ir embora

Com a cabeça na lua

Brincadeira não tem hora

Brincadeira vai rolando

Com um murmúrio cavo

Pelo canteiro das flores

Decapitaram um cravo

Matam o tempo a brincar

Sempre na hora habitual

Com um pulo impensável

Acabaram fazendo mal

Com a manhã na escola

E tarde na brincadeira

Resto do dia restrito

Noite pra dormir inteira

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Nova Guarda - Sílvia Silva

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Liberdade?

Te digo, és garantida

E conquistada por um nobre alguém

Para nosso bel conforto hoje...

Clamo pela livre expressão da palavra e actos...

Olho o horizonte e o sonho de ser sem contrições, restrições

Ou imposições...

LUZ imponente num embaciado passado

Novas gerações podem não lembrar

Mas a velha guarda garantidamente os recordará...

Vossos antigos pensamentos nos sirvam

Como um abraço fraterno

Próximo da utopia da igualdade e da empatia de um para outro

De mim para vós,

Seja para um novo pensador ou lutador

Um mote para nos garantir um amanhã melhor...

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Partilhei contigo - Tito Lívio

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Partilhei contigo a minha cama e envolvi-te nos suaves lençóis 

do meu corpo. Por onde andas agora? Que fizeste tu dos meus 

sentidos?

EM - VIAGENS PELO CORPO - TITO LÍVIO - IN-FINITA

Verdade - Therezinha Lima

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De tanto te esperar...

Adoeci.

De tanto te amar...

Te perdi.

Doeu não te ver

E sofrendo minha dor

Fui te encontrar

No meu amor.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

Aquele chá - Maria Antonieta Oliveira

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Abri a janela naquele dia cinzento

O vento esvoaçava nas folhas caídas

Pétalas de rosas adormecidas

Era um dia triste de outono

O sol esgueirava-se na nuvem

O tempo esfriou na madrugada

O chá fervente, arrefeceu

No escaldar da chávena partida

Adocicado com o sal da vida

Derramado na terra batida

Sem odor ou sabor

Sofregamente absorvido por mim

Naquele dia

Naquela janela

Aquele chá

Morreu

Na solidão

De mim.

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

Prosa ou verso - Maria Cabana

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A poesia é a solidão da alma 

Em sentires abstractos 

Nos incendeia e acalma 

Deixa no tempo seus rastos… 

Vai-se escrevendo sozinha 

No convés dos sentimentos 

A caneta só escrevinha 

O que vai nos pensamentos… 

Seja em prosa ou em verso 

Cada palavra é poesia 

Há quem diga que é o reverso 

Não matemos a poesia… 

Surge de nossas entranhas 

Por vezes, com alguma lágrima de dor 

Há poesia rica em patranhas 

Outra rica em descrever o amor ou desamor… 

Não zombem da poesia 

Ela isso não merece 

Vive ela em constante agonia 

Pois, de poesia padece!

EM - A CASA VERDE ESPERANÇA - MARIA CABANA - IN-FINITA

Luta - Alan Dornales

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Como eu não queria pensar, nem sofrer

Por vezes nossos pensamentos nos maltratam

Traz de volta memórias passadas

Abrindo janelas que outrora foram encerradas

Caprichos da paixão que precisa ser alimentada

Ela não se importa com a dor

Não está preocupada

É uma luta fervorosa

Vale tudo e mais um pouco nesta hora

Muitos socos e pontapés

O que for mais forte fica firme de pé

a vida é como é, um dia ela te pega pela mão e noutro ela

te pega pelo pé´

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

Homem - Antónia Balsinha

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Minha rua merece

Um homem com alcunha

Flutuando no tempo

Ninguém espeta unha

Na conversa alheia

Simula sentimentos

Fala de foguetões

Das viagens dos ventos

Armado em saltitão

Dum poema em verso

Ele é descoberto

Num erro controverso

Fala dum satélite

Mostra lado oculto

Não é investigador

Mas é um homem culto

Na órbita da terra

O choque entre luas

Próximo das ideias

Que podem ser a sua

Examinando dados

Flutua nas conversas

A norte do Equador

Surgem tapetes persas

Impacto das imagens

No mundo da poeira

Terra não vê o choque

Nem faltam as canseiras

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Ode a La Mancha - Sílvia Silva

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Contruímos o nosso destino

Ou será que são as circunstâncias que nos moldam?

Entre a mescla do que vivencio...

E o paraíso da minha fantasia

Umas vezes escorrego

Outras vezes... voo!

Mas não existe medo...

Nesta história, sou soberana

o segredo será manter os pés assentes na terra

e manter o silêncio

para o triunfo se construir, auspicioso...

Dom Quixote sabia

Que os sonhos acontecem

Se nos empenharmos

Ou se imaginarmos o suficiente

até se tornar real.

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Tenho-te em mim - Tito Lívio

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Tenho-te em mim como uma segunda pele. Porquê esse desassossego 

que me comunicaste? Que fazer das minhas duas mãos 

abertas, do corpo tão frágil e dolorosamente nu? As palavras são 

agora estranhos sinais e o teu nome o fruto que me expulsou do 

Paraíso.

EM - VIAGENS PELO CORPO - TITO LÍVIO - IN-FINITA

Ansiedade - Therezinha Lima

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Perdi a serenidade

Não encontrando a paz.

Busco a felicidade

Para sentir alegria

Mas, tudo se desfaz

Transformando minha vida.

Numa existência sem luz.

E curtindo essa saudade.

Vou seguindo um caminho

Onde nada me seduz.

Olho para o alto.

Enviando minha energia.

Chamando e querendo

Um retorno de esperança.

Para sentir no teu aconchego.

O doce carinho

Vem ficar ao meu lado.

Não posso viver de lembranças.

Acalma minha ansiedade

Oh querido! Meu doce amado.

Vem ficar ao meu lado.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

Onde mora a felicidade - Maria Antonieta Oliveira

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Sei que a felicidade está ali

Ali mesmo ao virar da esquina

Eu sei, sei que está naquele lugar

Na casa onde morei

Ou na esquina onde te encontrei

Sei, sei aonde a encontrar

Tirando o gelo do caminho

As ervas daninhas

Que ornamentam a calçada

Desviando o alcatrão derretido da estrada

E as bermas poluídas de inveja

A maldade disfarçada

E as beatas espalhadas pelo chão

Sei, sim eu sei

Que está mesmo ali

Onde mora a amizade

O amor e a bondade

Aí, mora também a felicidade.

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

Orvalhou - Maria Cabana

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Orvalhou pela madrugada 

Nas letras do meu poema 

A noite não deu por nada 

Nem me descreveu o tema 

Fui escrevendo devagarinho 

Dentre folhas orvalhadas 

Tirei letras do caminho 

Não queriam ser molhadas 

Delas ainda restam fragâncias 

Que perfumam os meus dias 

Sorrisos em rostos de crianças 

São as melhores companhias.

EM - A CASA VERDE ESPERANÇA - MARIA CABANA - IN-FINITA

Assassinato da Amazônia - Alan Dornales

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Foi um clarão precedido de um calor infernal

Ouvia gritos e correria

Inicia-se uma tragédia sem igual

Era pânico total, sem sentinela nem vigia

Não sei se era noite ou dia

Só havia fumaça e estalos do fogo

Os animais, coitados não sabem pedir socorro

As árvores só gemiam

Fechavam os seus olhos a espera da morte

E todo o mundo a procura do culpado

Tanta falácia, enquanto eu ardia no fogo

A união de todas as gentes

Em busca de uma solução

E eu toda indefesa, inocente

Aparentava ato de amor

Tanto dinheiro, as flores e os discursos

Mas descobri que era por puro interesse

Isso me causa mais dor

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

Guerras - Antónia Balsinha

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Amigos de pequenos

Criaram negócio

Amigos da escola

Se fizeram sócios

Negócio correu bem

Até certa altura

Entrou outro sócio

Acabou forma pura

Planet’ habilidoso

Lança semente no chão

Por via das dúvidas

Entre eles há ladrão

Com Peso e Medida

Perdem a confiança

Negócio vai cair

Com sonhos de criança

Guerra entre amigos

Em caldo intrigante

Inveja entre eles

Planeta circundante

Interesses diversos

Há entre os dois lados

Conversas vaporizam

Assuntos esgotados

Planeta novo patrão

Paz e tranquilidade

Negócio encerrado

Acabando amizade

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Telepatia - Sílvia Silva

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Palavras que se complementam...

Pensamentos que se adivinham...

Conexão que jamais se explica!

(é a magnitude do que és para mim)

E sê o mundo meu

E eu, o teu universo

Troquem-se as palavras...

E sê o cosmos também...

Tentarei traduzir por palavras

Este sentimento?

Ou deixarei os anos

Ditarem esta história?

É tudo possível...

Saiba o mundo e arredores

Que a telepatia não é um mito

E o Amor verdadeiro não é ficção.

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Bojador - Tito Lívio

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O teu corpo, uma festa, um rio, mar 

que demandam os meus navios.

EM - VIAGENS PELO CORPO - TITO LÍVIO - IN-FINITA

A espera - Therezinha Lima

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Luz da minha vida.

Luz da minha alma.

Quero te abraçar.

Te sentir inteiro.

Para me acalmar.

Meu coração adoece

Meu corpo sente.

Quando o dia amanhece.

Procuro te encontrar.

Só pra te amar.

E por que não vens

A espera é sofrida.

Cheia de interrogação.

Prolongada e doída

Para o meu coração.

EM - LACUNAS DA ALMA - THEREZINHA LIMA - IN-FINITA

Espinhos que matam - Maria Antonieta Oliveira

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Colhi a mais linda rosa do meu jardim

Cuidei-a com amor e carinho

Reguei-a, tratei-a a cada dia que passava

Vi-a crescer, embelezar-se

Tornar-se enorme

Aos poucos, os espinhos também cresceram

Aos poucos, fui sentindo a picada

Sem beleza, sem pureza, com maldade

E a rosa mais linda do meu jardim

Crescida, airosa, embelezada

Deixou-me perdida e sem nada

Ali plantada

Continua regada com amor e afeição

Ali plantada

Esquecida que a vida sem carinho

Não tem razão de ser

Para a rosa

A mais linda do meu jardim

Morri,

Sem querer saber de mim.

EM - QUANDO O CORAÇÃO FALA - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

O Degrau do Antônio da Cabana - Maria Cabana

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Pai, te vislumbro na janela do tempo, 

Naquele mesmo degrau sentado. 

Fumando teu vício, o cigarro, 

Queimando entre teus dedos o tempo. 

Pai, tinhas olhar de avelã, 

Toldando a melancolia. 

Num marejar de alegria, 

Ao acordar pela manhã! 

Teus dedos amarelecidos, 

Traziam ternura nos gestos. 

Traziam amor nos afectos. 

Traziam silêncios entristecidos. 

A vida era do tempo de outrora, dura! 

Como era duro o pão de cada dia! 

Como buscar alimento e alegria, 

Para tanta boca da vida futura? 

Pai, o degrau de pedra permanece lá, 

Num misto de orgulho e saudade! 

Nele vislumbro toda a tua verdade! 

O fumo do teu cigarro, sente-se ainda por cá.

EM - A CASA VERDE ESPERANÇA - MARIA CABANA - IN-FINITA